Um dos focos do Banco Central (BC) com o lançamento do Pix, sistema de pagamento instantâneo brasileiro, é garantir competitividade no setor financeiro. Atuando como provedor da tecnologia e regulador das regras de funcionamento, o BC permite que mais de 700 instituições financeiras e de pagamento brasileiras incluam a opção de pagamento via Pix em seus canais, provendo mais uma opção de serviço.
Para atrair clientes, as instituições financeiras têm apostado em vantagens e promoções que vão além dos benefícios já garantidos no Pix, como gratuidade para pessoas físicas, velocidade das transações e disponibilidade 24 horas por dia e 7 dias na semana. As ofertas das instituições incluem isenção para pessoas jurídicas, sorteios de prêmios entre os cadastrados, e até mesmo a disponibilidade do Pix no WhatsApp.
Quem saiu na frente no quesito WhatsApp foi o Banco do Brasil, que anunciou na última semana a opção de uso do Pix no aplicativo mais popular no país. Por meio de chat com o robô do banco (no número 61 4004-0001), o cliente pode fazer o cadastro das chaves Pix, além de pagamentos e recebimentos; tudo isso sem a necessidade de uso de outro canal, ressalta o banco. “O cliente pode iniciar a conversa mandando áudio. Outra possibilidade é mandar a imagem do QR Code; o cliente pode encaminhar a imagem para a conversa e o bot do banco já reconhece”, destacou Gustavo Milaré, gerente-executivo de Meios de Pagamento do BB. “O que chama a atenção é o pioneirismo, ser o primeiro a colocar essa transação no WhatsApp. Fatalmente outros também vão colocar”, estima o executivo.
Para Milaré, o Pix é mais uma forma de transferência e pagamentos. “O que vai fazer o diferencial para o cliente é a experiência, como vai ser isso e a facilidade com que vou fazer”, disse.
ISENÇÃO PARA EMPRESAS
Entre as regras determinadas pelo BC está a gratuidade de cobrança de tarifas para pessoas físicas. No entanto, para pessoa jurídica a cobrança de taxas fica a critério de cada instituição. Apesar dessa possibilidade, diversas instituições têm apostado na gratuidade também para empresas.
É o caso do Itaú, que garantiu uma oferta de isenção de tarifas por três meses para clientes Itaú Empresas que cadastrarem o CNPJ como chave Pix no Itaú até o final de novembro. “A oferta é válida para empresas com faturamento de até R$ 30 milhões por ano e é limitada a 200 transações no período”, explica Ivo Mósca, superintendente de Pagamentos Instantâneos e Open Banking do Itaú Unibanco.
É o caso do Itaú, que garantiu uma oferta de isenção de tarifas por três meses para clientes Itaú Empresas que cadastrarem o CNPJ como chave Pix no Itaú até o final de novembro. “A oferta é válida para empresas com faturamento de até R$ 30 milhões por ano e é limitada a 200 transações no período”, explica Ivo Mósca, superintendente de Pagamentos Instantâneos e Open Banking do Itaú Unibanco.
No BB, a oferta inicial também é de três meses de isenção para PJ que quiser realizar transferências por meio do BB Digital ou recebimento por QR Code. “São três meses de isenção a partir de 16 de novembro e vai até 15 de fevereiro”, explicou Milaré.
Oferta também anunciada pelo Sicoob, que garantiu os mesmos três meses de isenção de tarifa sobre todas as transações, para pagadores e recebedores, pessoas físicas e jurídicas; a gratuidade valerá, pelo menos, até 16 de fevereiro de 2021, informa o banco.
O C6 Bank, por sua vez, definiu que o Pix será gratuito para pessoa jurídica, mas sem data limite. Segundo comunicado divulgado pela instituição, a empresa que receber ou realizar Pix por meio de sua conta na instituição financeira não pagará nada por isso, independentemente do número de transações; a gratuidade vale para qualquer cliente pessoa jurídica, MEIs e PMEs.
A aposta do Santander é no cartão de crédito SX, que oferece isenção de anuidade aos clientes que cadastrarem as chaves CPF e celular no Pix do banco. Além disso, os clientes que gastarem R$ 100 por mês não pagarão a anuidade do cartão –o cartão SX substituirá o Free, que já oferece esta última condição.
Rogério Panca, superintendente-executivo de Cartões do Santander Brasil, afirma que o cartão SX é mais um grande passo dado pelo Santander no redesenho de produtos e serviços que atendem a esse novo momento de mercado: abranger um maior número de clientes e garantir a competitividade de mercado. “Nossa oferta de valor já contempla cartões que beneficiam clientes vinculados, e o cartão SX adiciona outra possibilidade de insernção da anuidade. Além disso, aproveitamos a oportunidade para lançar um design diferenciado do cartão, mais moderno e aspiracional”, destaca.
O Bradesco, por sua vez, divulga que o cliente pode concluir as transferências por meio do Pix mesmo se faltar dinheiro na conta. Ou seja, se o correntista estiver sem saldo para transferir, o banco indica a solução de crédito ideal para resolver na hora; tudo digital e por meio do Pix.
BENEFÍCIOS PARA CADASTROS
Uma das principais “brigas” entre as instituições foi -e ainda é- na fase de cadastro das chaves, iniciada algumas semanas antes da operação plena do sistema. Para atrair clientes, uma das estratégias foi sorteio de prêmios. No Santander, por exemplo, os clientes que cadastraram a chave no Pix concorrem a uma bolada de R$ 1 milhão. Serão dois sorteios desse valor, um para conta de PF e outro para conta de PF e outro para PJ.
O BB vai sortear um total de R$ 700 mil, divididos em 237 prêmios; os valores chegam a R$ 100 mil para cada chave cadastrada.
Outra aposta dos bancos é no fortalecimento do cashback, conceito que, na prática, é a devolução ao consumidor de uma parte do valor gasto na compra de produtos e, mais recentemente, na realização de transações financeiras. No Banco Inter, o cliente que cadastrou a chave Pix ganhou um turbo de 10% sobre o cashback recebido. Já no C6 Bank, quem cadastra a chave Pix recebe 500 pontos no programa de fidelidade de banco.
O Itaú teve uma oferta, finalizada em 30 de novembro, na qual pessoa física ou MEI que fez o cadastro das chaves Pix no banco participou da campanha “Cadastre&Use&Ganhe” e pôde receber até R$ 10 em sua conta corrente. “Além da bonificação pelo cadastramento, até o final do mês, aqueles que receberem transferências acima de R$ 10 de uma conta com diferente titularidade, ganham mais R$ 5 na primeira transação”, diz Mósca, ao citar o cashback de R$ 5 para clientes, promoção também válida até o final de novembro. “O retorno dos clientes tem sido muito positivo. Temos acompanhado especialmente nas redes sociais depoimentos de pessoas muito satisfeitas com a iniciativa do banco, que faz cashback pela primeira vez”, ressalta.
LOTÉRICAS E PROGRAMAS SOCIAIS
O alcance do Pix vai muito além do mundo digital. Uma das grandes apostas, por exemplo, é o uso nos comércios, sobretudo por meio da opção de pagamento com QR Code. Milaré ressalta que o BB está com a API (interface de programação de aplicações) pronta para que empresas consigam plugar o Pix em seu sistema. Isso permitirá que um supermercado, por exemplo, consiga usar o Pix nos caixas, com pagamento via QR Code, e a ferramenta de pagamento já conectada ao sistema de gestão da companhia.
Esse alcance no mundo “offline”, no caso dos clientes, fica muito por conta da Caixa, que tradicionalmente cumpre um importante papel social. A instituição ressalta que mais de 7,9 milhões de clientes se cadastraram e podem usar a ferramenta pelo Caixa Tem, internet banking e mobile banking. Além disso, as 13 mil unidades lotéricas em todo o país estão habilitadas a operar com o Pix.
“Os clientes da Caixa ou de qualquer instituição financeira cadastrados no novo sistema poderão fazer pagamentos de boletos, realização de jogos, além dos demais serviços oferecidos pelas lotéricas diretamente nos guichês”, explica a Caixa, em nota.
O banco informa que clientes das contas Poupança Social Digital da Caixa, beneficiários de programas sociais como o Auxílio Emergencial, Saque Emergencial do FGTS e Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda também podem aproveitar as vantagens após realizar o cadastro de chave no Pix diretamente no app Caixa Tem.
TREINAMENTO
Mais do que oferta de produtos e serviços, os bancos investiram recursos em treinamento para que o conhecimento dessa nova ferramenta chegasse aos usuários.
Mósca ressalta que, como uma forma de ajudar os clientes a entenderem o Pix, o Itaú preparou uma série de vídeos com colaboradores de diversas áreas para explicar o sistema de pagamentos instantânneos a partir de perguntas dos seguidores nas redes sociais. “Os primeiros vídeos falam sobre o que é o Pix, por que se cadastrar, o que são as chaves Pix e sobre a segurança do sistema, e a série completa também englobará dúvidas das empresas”, lembrou.
No BB, o foco foi o treinamento dos funcionários. “Nossa rede de agência na ponta está à disposição para esclarecer todos os clientes”, garante Milaré.
BALANÇO
Na primeira semana de operação, entre 16 e 22 de novembro, o Pix registrou 12,2 milhões de operações, movimentando um volume financeiro de R$ 9,3 bilhões. No total foram 83,5 milhões de chaves cadastradas; entre elas, 29,6 milhões das chaves foram feitas com o número do CPF, outras 19,5 milhões com o número do telefone, 18,7 milhões com dados aleatórios e 13,8 milhões com o endereço de e-mail.
A primeira semana de operação oficial foi considerada positiva e teve um volume significativo na movimentação e no cadastro de novas chaves Pix, de acordo com o chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, Ângelo Duarte. “O Banco Central considera que essa primeira semana de operação completa foi bastante positiva, desde o primeiro dia o número de operação completa foi bastante positiva, desde o primeiro dia o número de operações atingiu um patamar bastante elevado, não houve grandes intercorrências com a entrada de milhões de usuários”, disse.
Para Duarte, a operação média do Pix está crescendo e isso significa que as pessoas estão ganhando mais confiança. “Você usa a primeira vez uma transação de baixo valor, você não conhece bem como funciona, tem medo de cometer algum erro, mas à medida que as pessoas vão se acostumando, vão ganhando confiança, elas vão fazendo transações de maior valor por meio do Pix”, destacou.
Mósca, do Itaú, acredita que os clientes estão se adaptando ao Pix e entendendo como ele pode beneficiar o seu dia a dia. “Os benefícios são expressivos tanto para clientes pessoa física como para donos de estabelecimentos comerciais. Apesar dos ajustes e melhorias pontuais no mercado nessas primeiras semanas, vemos o lançamento do Pix como um sucesso e acreditamos que a adoção ao produto deve acelerar ainda mais nos próximos meses.”
Já Milaré avalia as primeiras semanas de operação “tudo dentro do esperado”. “Nos bancos não tivemos grandes problemas. Tudo que foi mapeado dentro do soft opening [período de testes com uma parcela de clientes, antes do lançamento oficial], que foi fundamental para fazer as correções, fizemos. Estava dentro do esperado, piloto é para isso mesmo, ir abrindo as comportas e vendo como o sistema vai se comportando. Tudo correu conforme o esperado, não tivemos grandes surpresas e estavámos preparados para isso.”
RETOMADA ECONÔMICA E INCLUSÃO
Na visão da Febraban, o Pix será uma importante ferramenta para ajudar na retomada econômica do país, à medida que as transações instantâneas darão mais agilidade aos negócios. Ou seja, um pagamento realizado em um comércio fora de dia e horário de expediente será concluído em até 10 segundos, acelerando as trocas comerciais.
A Febraban destaca ainda que o Pix será uma oportunidade para o Brasil reduzir a necessidade do uso de dinheiro em espécie em transações comerciais, que somente de custo de logística totaliza cerca de R$ 10 bilhões ao ano. A Federação avalia que a iniciativa deverá reduzir a necessidade de saques nas agências e nos caixas eletrônicos, o que também traz maior conveniência aos clientes bancários.
Além disso, o Pix vai incentivar a bancarização, como destacou Isaac Sidney, presidente da Febraban. “O acesso a serviços financeiros constitui um passo crucial para a inclusão social e para o combate à desigualdade no país”, afirma.
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O PIX*
O que é o Pix?
O Pix é a solução de pagamento instantâneo, criada e gerida pelo Banco Central, que proporciona a realização de transferências e de pagamentos. As transações por meio desta ferramenta são concluídas em poucos segundos, inclusive em relação à disponibilização dos recursos para o recebedor.
Quem pode usar o Pix?
Qualquer pessoa física ou jurídica com uma conta transacional (conta corrente, conta de depósito de poupança ou conta de pagamento pré-paga) em um prestador de serviço de pagamento (instituições financeiras ou instituições de pagamento) participante do Pix.
Qual a diferença para boleto, TED e DOC?
O Pix é mais uma opção de meios de pagamento, somando-se a outros já conhecidos, como boleto, TED, DOC, transferências entre contas de uma mesma instituição e cartões de pagamento (débito, crédito e pré-pago).
A diferença é que o Pix permite que qualquer tipo de transferência e de pagamento seja realizada em qualquer dia, incluindo fins de semana e feriados, e em qualquer hora.
Trata-se de uma forma adicional de realizar pagamentos e transferências. Não há intenção do BC e nem dos bancos em extinguir outros meios de pagamento.
O Pix é um aplicativo do BC?
Não. O Pix é um meio de pagamento que será disponibilizado pelos prestadores de serviço de pagamento (instituições financeiras e instituições de pagamento) em seus diversos canais de acesso, principalmente pelo celular.
O Pix é seguro?
A segurança faz parte do desenho do Pix desde seu princípio, e é priorizada em todos os aspectos do ecossistema, inclusive em relação às transações, às informações pessoais e ao combate à fraude e lavagem de dinheiro. Os requisitos de disponibilidade, confidencialidade, integridade e autenticidade das informações foram cuidadosamente estudados e diversos controles foram implantados para garantir alto nível de segurança.
Todas as transações ocorrerão por meio de mensagens assinadas digitalmente e que trafegam de forma criptografada, em uma rede protegida e apartada da Internet. Além disso, no Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), componente que armazenará as informações das chaves Pix, as informações dos usuários também são criptografadas e existem mecanismos de proteção que impedem varreduras das informações pessoais, além de indicadores que auxiliam os participantes do ecossistema na prevenção contra fraudes e lavagem de dinheiro.
Onde usar o Pix?
O Pix será disponibilizado pelas instituições participantes em diversos canais de acesso. O telefone celular, desde que seja um smartphone, é um desses canais. A expectativa é que o smartphone seja o canal de acesso mais utilizado.
Outros possíveis canais de acesso, que podem ser oferecidos a critério de cada instituição, são internet banking e presencialmente nas agências, nos caixas eletrônicos ou nos correspondentes bancários, como lotéricas, por exemplo.