O ato de realizar um pagamento é tão antigo quanto a história humana. As trocas comerciais começaram na Antiguidade, onde produtores rurais transacionavam seus excedentes, evoluíram para o uso da moeda com os gregos, as cédulas na Europa do século 16, o cartão de crédito em 1950 e a primeira compra online em 1994.
E, nessa linha do tempo, os pagamentos digitais vieram para revolucionar, mais uma vez, o mercado e a forma como a sociedade se organiza.
Podemos entender o pagamento digital como a forma de pagamento que pode ser realizada a partir de qualquer lugar por meio de um equipamento e/ou aplicativo com acesso à internet. As formas mais relevantes de pagamentos mobile são:
Near-field communication (NFC) — ondas de rádio efetuam a transação entre a máquina de cartão ou tag e o celular ou dispositivo. Esse pagamento só serve para “lojas” físicas, de curto alcance. É o caso do Google Pay, Apple Pay ou Samsung Pay.
Carteiras digitais — as carteiras são aplicativos que armazenam informações de pagamento como número de cartão, documentos etc. Podem ter funções usando NFC ou QR Code. É o caso do Alipay e WeChat Payment chineses, que armazenam um saldo e permitem conexão com a conta bancária.
Quick response (QR) code — o famoso código de barras bidimensional que, ao ser lido por um aplicativo, se conecta ao meio de pagamento. Essa tecnologia permite escanear o código com alguma carteira digital e aprovar a transação. Pode ser P2P, P2B, B2B, B2P, P2G ou G2P (p: person, b: business e g: government)
P2P — (peer-to-peer), essa função, como o próprio nome diz, foca na transação direta de “ponto” a “ponto” ou, pessoa a pessoa, via rede de contatos.
P2B — usado para compras online. Assim que o método de pagamento é escolhido, um QR Code surge na página e o cliente apenas o escaneia e realiza o pagamento.
Essas formas de pagamento são sinônimo da revolução chinesa.
A forte cultura de experimentação e inovação tornou a China o maior mercado de pagamentos digitais, representando quase metade do mercado global.
Esse cenário foi traçado graças a um aumento no PIB per capita da população, à pulverização do uso da internet e à grande oferta de smartphones no país.
Também se credita essa rápida virtualização do dinheiro na China a duas empresas: a varejista online Alibaba, dona do serviço de pagamentos Alipay; e a empresa de tecnologia Tencent, dona do aplicativo WeChat.
Conhecidas como super apps ou Transactions Super Apps (TSA), o Alipay e WeChat foram se desenvolvendo freneticamente a partir do conhecimento, monitoramento e planejamento dos comportamentos dos consumidores.
Estes aplicativos, os quais englobam e-commerce, meios de pagamento e mensagens, além de realizarem transferências, pagamentos e empréstimos, oferecem redes sociais, programas de fidelidade, relacionamento, jogos e até monitoramento de saúde. Ou seja, tudo está aglomerado em um único “local”. Uma mudança de dinâmica na vida da sociedade.
Do total de mais de 1,38 bilhão de consumidores atuais da China, cerca de 80% usam o celular para pagar suas compras. Juntos, os aplicativos das empresas Alibaba e Tencent representam 94% das transações de pagamentos digitais atualmente.
Resultado: toda essa expansão tornou o digital o meio mais recorrente no sistema de pagamentos chinês.
No Brasil, o acesso vertiginoso ao uso de smartphones e à rede móvel de dados não é mais um impeditivo real ao crescimento do mercado de meios de pagamento digitais.
Nossa realidade é a existência de mais de um smartphone ativo por habitante. Além disso, os brasileiros são altamente conectados e têm uma característica importante de busca por atualizações tecnológicas –61% de nossa população economicamente ativa tem preferência pela utilização de meios digitais de pagamento.
Mas não podemos esquecer que ainda temos um papel importante de inclusão. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, temos cerca de 45 milhões de brasileiros desbancarizados, e, em algum momento, as carteiras eletrônicas assumirão o papel de introdução desta parcela da população.
Diante de tudo isso, acredito que esse cenário torna o Brasil um mercado de altíssimo potencial rumo à democratização dos meios de pagamento digitais.
Ainda há muito a ser feito, mas podemos nos espelhar na China e favorecer ainda mais o desenvolvimento de nossa sociedade.