O Banco Central do Brasil publicou, nesta terça-feira, 4/6, as Estatísticas de Pagamentos de Varejo e de Cartões no Brasil, referentes ao ano de 2023. As Estatísticas compilam informações enviadas pelos diversos participantes do mercado referentes ao uso dos instrumentos de pagamento no país, ao mercado de cartões de pagamento e aos canais de acesso às transações bancárias; e informações coletadas das infraestruturas operadas pelo Banco Central. Em relação às transações de pagamento utilizando dinheiro (em espécie), as estatísticas contemplam apenas os dados de saques.
Em 2023, as transações de pagamento (excluídas aquelas em espécie) continuaram apresentando uma forte evolução, tanto em termos de quantidade de transações quanto de volume financeiro, atingindo a totalidade de 108,7 bilhões de transações, correspondendo a 624 transações per capita,  e montante financeiro de RS 99,7 trilhões, equivalente a cerca de 9,1 vezes o PIB, o que representou um crescimento de 31% na quantidade de transações e de 9% no volume transacionado, em relação a 2022.
Instrumentos
O crescimento da quantidade total de transações (excluídas aquelas em espécie) observado em 2023, em comparação ao ano anterior, se deu, principalmente, pelo uso intenso do Pix pela sociedade – crescimento de 75%. Houve, ainda, expansão do mercado de cartões, que manteve crescimento nas modalidades de crédito (12%), débito (5%), e pré-pago (36%). Foi observado, também, crescimento na quantidade  de transações relativas ao uso do débito direto, das transferências intrabancárias e do boleto; e redução na utilização do cheque e das transferências interbancárias.
Participação de Mercado
Em relação à quantidade de transações por tipo de instrumento (excluídas aquelas em espécie), destacamos o crescimento do Pix, que atingiu o patamar de 39% destas transações em 2023, ficando atrás apenas das transações com cartões (crédito, débito e pré-pago), cuja participação foi de 41%. As transações de boleto também tiveram sua participação reduzida de 7% para 5% em comparação com 2022.
Canais
Em termos de quantidade de transações por canal de serviços (internet, telefone celular, agências e postos de atendimento, correspondentes no país, ATM e centrais de atendimento) providos para acesso às transações financeiras (excluídas aquelas em espécie), destaca-se a utilização de telefones celulares como o principal canal, representando 82% da quantidade total transacionada em 2023. Apesar do uso intensivo e crescente do acesso remoto, ainda há relevante volume financeiro movimentado por meio dos canais presenciais, representando cerca 42% do volume total transacionado.
Ticket Médio
A TED foi o instrumento de pagamento que apresentou o maior valor médio por transação, R$ 45.625, seguido da transferência intrabancária, com R$ 17.949. O Pix teve valor médio de R$ 409 e o mercado de cartões de R$80.
Cartões
No mercado de cartões, destaca-se o crescimento do pré-pago no ano de 2023, respondendo por 23% da quantidade total de transações com cartões (representavam 19% em 2022) e apresentando um ticket médio de R$26, valor inferior aos dos cartões de crédito e débito, em torno de R$128 e R$61, respectivamente.
PSJ (parcelado sem juros)
As transações parceladas sem juros representaram, em 2023, cerca de 13% da quantidade total de transações com cartão crédito, correspondendo, entretanto, a cerca de 48% do valor total transacionado com o instrumento. Não se observa, ao longo do tempo, mudança significativa no uso do parcelamento com cartão de crédito.
Transações por Aproximação (contactless)
O percentual de transações com cartões de crédito realizadas pela forma de captura por aproximação (contactless) elevou-se substancialmente, correspondendo a 31,1% na quantidade transacionada no último trimestre de 2023, ante 23,1% atingido no mesmo período de 2022. Na função débito, observou-se crescimento similar, com as transações contactless respondendo por 35,2% das transações realizadas nessa modalidade no último trimestre de 2023, ante 24,4% no mesmo período do ano anterior.”
TIC e Taxa de Desconto
Quanto às Tarifas de Intercâmbio (TIC) praticadas no mercado de cartões, a TIC do crédito apresentou relativa estabilidade nos últimos anos, mantendo-se por volta de 1,60%. Já as TICs do débito e pré-pago caíram, respectivamente, de 0,53% e 1,24% no primeiro trimestre de 2023 para 0,49% e 0,70% no trimestre seguinte, em decorrência do limite estabelecido para essas TICs através da Resolução BCB nº 246, de 2022, que passou a vigorar a partir de 1º de abril de 2023.
Em relação às taxas praticadas para aceitação dos instrumentos no comércio (taxa de desconto ou MDR), observou-se uma ligeira redução nas taxas de descontos entre o último trimestre de 2022 e o exercício de 2023: de 2,40% para 2,33% no cartão de crédito; de 1,17% para 1,10% no cartão de débito; e de 1,59% para 1,55% no cartão pré-pago.
Saques
Em 2023, as operações de saques em espécie apresentaram redução de cerca de 27% na quantidade de transações e de 5% no volume de recursos sacados em comparação com o ano anterior. Quando comparado com o ano de 2019, momento anterior à pandemia de covid-19 e à introdução do Pix, a queda na quantidade de saques em espécie foi de 36%; e, no volume de recursos, de 27%.
Fonte: Banco Central do Brasil