Santander, Cielo e Itaú Unibanco vão pôr em operação novas soluções de pagamentos com QR Code, por celular, a consumidores (pessoas físicas), empreendedores de pequeno porte e varejistas.
É um novo episódio da competição no segmento, depois da chamada “guerra das maquininhas”, que trouxe redução de taxas de cobrança e prazo de reembolso para os comerciantes.
Dessa vez, é o pagamento com QR Code pelo celular que intensifica as transformações no setor.
Após o Itaú, com o iti, e a Cielo, com a Cielopay, foi a vez da GetNet, empresa de tecnologia do Santander, anunciar que deve oferecer até dezembro seu aplicativo, o Getpay, que permite aos lojistas fazer pagamentos sem usar as máquinas de cartões.
Por meio de um app, a loja emite um QR Code (Quick Responder Code) e o consumidor aproxima a câmera do smartphone, faz a leitura do código e paga na hora também pelo celular.
Segundo Pedro Coutinho, presidente da GetNet, quem não trabalha com nenhuma adquirente pode usar a rede da credenciadora do Santander para pagar e receber pagamentos, por meio do app.
Empresa adquirente é aquela que credencia a loja para aceitar meios eletrônicos de pagamentos (cartões de débito e crédito) e é responsável por capturar, processar e liquidar a transação. O GetPay foi anunciado na última terça-feira (dia 8), durante o Santander Investor Day, que pela primeira vez foi feito no país.
As cifras movimentadas explicam por que a competição no mercado se acentua. Neste ano, a expectativa de faturamento é de R$ 1,84 trilhão, com compras com cartões de crédito, débito e pré-pagos. No ano passado, o faturamento foi de R$ 1,55 trilhão.
IMPACTO EM DINHEIRO EM CIRCULAÇÃO E SEGURANÇA
Pagamentos como os feito por celular, por meio de QR Code, trazem impactos à economia, ao retirar dinheiro em espécie de circulação e ampliar de forma significativa do número potencial de dispositivos preparados para pagar e receber valores.
A avaliação é de Edlayne Burr, diretora-executiva e líder de Estratégia para Pagamentos da Accenture na América Latina.
Segundo o Banco Central, existem hoje, espalhados no país, cerca de 8 milhões de POS –os terminais de pontos de venda ou conhecidos como as maquininhas de cartão.
“Com o avanço do pagamento por celular, há potencial de aumentar esse parque, de forma significativa, para 182 milhões de smartphones, com capacidade de realizar operações de pagamento”, diz a executiva.
Em maio, o Itaú Unibanco lançou o iti, app de pagamentos também baseado em QR Code e que dispensa o uso de maquininha e cartão físico. Já está em testes com usuários do sistema Android e iOs e deve entrar em funcionamento em breve.
Para usar o serviço não é preciso ser cliente do Itaú Unibanco. O usuário cria uma conta, por meio do app, e pode fazer transferências, emitir boleto e cadastrar cartões de crédito de outros bancos.
A entrada em operação do Cielo Pay, lançado pela Cielo no final de agosto, está prevista para hoje (dia 14 de outubro). É um app que vai ajudar o comerciante a aceitar pagamentos pelo celular, por meio de QR Code.
MAIS PERTO DOS “GAMERS”
Com a estratégia de se aproximar dos clientes mais jovens e novos empreendedores, cada vez mais ligados a novas tecnologias, o Banco do Brasil montou um “QG” na Brasil Game Show, maior evento do setor na América Latina.
O estande, ou “QG BB”, como foi chamado, simula o quarto de um “gamer”, com cadeiras especiais, computador, consoles, monitores curvos, fliperama e tudo que um jogador pode precisar e querer.
Do lado de fora, está instalado um totem touch screen, para simular produtos do banco, como consórcio, crediário e seguro.
O banco aproveitou o evento para lançar a versão de teste do “Game Fortuna”, que tem como objetivo aproximar o jogador do mundo dos investimentos.
SETOR PÚBLICO EM TRANSFORMAÇÃO
O grupo Gartner identificou as dez principais tendências de tecnologia no setor de administração pública, entre 2019 e 2020, em recente publicação em seu site.
As transformações digitais permitem aos governos incrementar serviços, como ganhar eficiência no pagamento de tributos, o que tem impacto na relação com o setor financeiro.
Entre as tendências com potencial para transformar o setor, estão identidade digital do consumidor, engajamento do cidadão por meio de multicanais, analytics e serviços compartilhados 2.0.
Esses serviços incluem, por exemplo, o fornecimento de recursos de negócios de alto valor, como segurança corporativa, gerenciamento de identidades, plataformas ou análises de negócios.
EMPREGOS X ROBÔS
A eficiência da tecnologia pode resultar na redução de 200 mil funcionários no total de empregados no setor bancário dos EUA nos próximos dez anos, segundo relatório do banco Wells Fargo publicado na Bloomberg.
As áreas de backoffice, agência bancária, call center, além das administrativas, estão entre as que vão assimilar novas ferramentas e sofrer maior impacto.
Para especialistas em emprego e no tema futurismo, entretanto, haverá a substituição de empregos menos qualificados por outras profissões mais especializadas como programadores, cientistas e analistas de dados.
O Centro para o Futuro do Trabalho da Cognizant estima que, no setor, 12% dos empregos atuais serão substituídos, 75%, aprimorados e 13% serão inventados.
PROJETOS DE IA TERÃO US$ 20 MILHÕES DE INVESTIMENTO
A USP vai sediar o mais avançado centro de pesquisa em engenharia em inteligência artificial do Brasil, após parceria da IBM e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Os investimentos, de até US$ 20 milhões (cerca de R$ 80 milhões) nos próximos dez anos, serão destinados a projetos e pesquisas em diferentes segmentos do mercado, como finanças, recursos naturais, agronegócio, meio ambiente e saúde.
O novo centro de IA vai fazer parte do InovaUSP, em SP, e as atividades já começam no ano que vem. Segundo a IBM, esta é a maior parceria do Brasil entre uma empresa de TI e o setor acadêmico para a colaboração em inteligência artificial (IA).